Falar em uso de “moeda digital” e P2P antes do Bitcoin pode parecer uma declaração equivocada ou falsa, mas não é e explico a seguir.
A interação pós nosso vídeo sobre Luiz Barsi falando sobre o Bitcoin e que não o considerava porque “nunca viu um”, nos conduzia à fazer esse pequeno texto.
Tangebilidade X existência
Tangível, segundo o dicionário é o que se pode tanger, tocar; sensível, tocável, ou ainda, o que se percebe pelo tato; corpóreo, palpável, bens.
O fato de algo não ser tangível, não implica em que seja inexistente, apenas mais difícil de perceber sensorialmente. Principalmente em não havendo disposição para perceber.
Um monte de coisas a gente “não pega na mão” mas tem alto valor… Eu também nunca peguei um ponto de milhagem aérea, mas hoje “milhas” é um negócio que movimenta milhões… .
As próprias ações que Barsi tanto ama, hoje não precisam ser físicas, tenho algumas e nunca “vi” ou “toquei” nenhuma. Então, a existência ou valor de algo não é questão de ser físico ou digital, é questão de utilidade e “fé” no valor daquele ativo…
“Moeda digital” e P2P antes do Bitcon
Apesar da fama de primeira criptomoeda, o Bitcoin não foi de fato a primeira tentativa de dinheiro digital ou usando criptografia. Várias tentativas ocorreram antes criando conceitos que depois foram aproveitados no Bitcoin. Pelo menos 6 projetos desde 1983 foram tentados. Portanto, o certo é dizer que o Bitcoin foi a primeira criptomoeda pensada para ser dinheiro e que deu certo.
Moçambique
No entanto, ao que estou me referindo neste artigo, não é nenhum dos 6 projetos citados, mas uma utilização prática e efetiva de pagamento eletrônico com uma ativo e P2P, que chegou ao nível de ruas e mercados. E como dito, antes do Bitcoin surgir em 2008.
Em 2004, morei e trabalhei uma temporada na África, mais precisamente em em Moçambique. Lá vi algo totalmente disruptivo para a época, as pessoas usando CRÉDITO DE TELEFONE (lá se podia transferir Pessoa a Pessoa) como moeda para compras na feira e pequenos comércios.
Os moçambicanos simplesmente perceberam que, sendo o crédito telefônico algo mensurável em unidades (minutos), exatamente como a proposta de moeda baseada em tempo, feita por Galileu Galilei séculos atrás. E isso com um valor equivalente em dinheiro oficial e transferível pessoa a pessoa, possibilitou que os créditos telefônicos fossem usados como meio de pagamento, um equivalente digital do dinheiro.
Em África, berço da civilização, mas empobrecida, explorada e subestimada há séculos, perceberam isso. Aliás por lá, muita gente e até governos já entenderam a importância e possibilidades por exemplo do Bitcoin. No entanto por aqui, ainda hoje, há ocidentais que se acham “muito avançados”, com a visão embotada para as possibilidades da criptomoeda.
Palavra de Lord!
E você? também só acredita no que pode ver e pegar ? Ou considera eventualmente o intangível? Comente aí…
😉